💥 O cara que estraga o trampo de todo mundo só pra se mostrar

Ontem passei por uma entrega que era pra dois entregadores — daquelas divididas porque o volume era pesado. 48 garrafas PET de 2 litros. Cheguei no local e o outro cara já tinha levado tudo. Levou os dois volumes sozinho. Nem pensou que a entrega era pra dividir. Nem se preocupou se ia deixar alguém no prejuízo.

Não sei se é falta de noção, pressa, ego ou pura provocação velada. Daquelas que parecem inocentes, mas por dentro são veneno. O tipo de gente que tenta mostrar poder fazendo mais do que o necessário — não pra ajudar, mas pra se exibir. Como se o sistema fosse premiar por isso. E no fim, ganha metade do valor, faz o dobro do esforço e ainda atrapalha o outro.

Esse tipo de postura é o que mais envenena os lugares de trabalho aqui no Japão. Já vi isso acontecer em tudo quanto é lugar: fábrica, linha de produção, transportadora, entrega. Sempre tem o “acelerado”, o que quer mostrar que aguenta mais, que é mais eficiente que os outros. Mas o que ele entrega mesmo… é só um modelo de comportamento que afunda todo mundo junto.

E o pior é que muitos brasileiros entram nessa armadilha. Tentam provar o tempo todo que trabalham mais que os japoneses, que fazem mais rápido, mais forte, mais melhor. Mas será que isso é virtude… ou só ansiedade disfarçada de produtividade?

Porque o japonês, em geral, faz o que é pedido. No ritmo certo. Nem mais, nem menos. E isso tem um motivo: o sistema deles é feito pra durar. Pra manter o ritmo ao longo do ano, e não pra queimar o motor em dois meses. Já o brasileiro, não. Parece que quer se mostrar, se destacar, mesmo que isso signifique pisar no colega do lado. E nisso surgem as famosas provocações sutis, veladas — que ninguém vê, mas quem recebe sente na pele.

Lembro de um caso que vi de perto. Uma pessoa próxima minha trabalhava numa linha de quatro pessoas. Ela era a segunda da fila. E vivia cobrando a primeira porque achava que não entregava rápido o suficiente, e reclamava que a terceira não acompanhava o ritmo dela. Resultado? O clima virou guerra fria. Ela passou meses nessa neura… até que machucou o pulso. Não deu mais conta de acompanhar o próprio ritmo. E o que aconteceu? O pessoal começou a fazer com ela o mesmo que ela fazia com os outros. O veneno voltou.

E aí entra outro exemplo clássico. Teve uma época que o sistema de entregas de uma grande loja online era mais tranquilo. Tinha tempo certinho, organizado. Mas a galera começou a correr. A querer terminar antes pra voltar pra casa mais cedo. Achando que estavam ganhando. Só que, aos poucos, a empresa foi apertando. Cortando folga de horário, aumentando volume, colocando mais pressão. Hoje? Tá todo mundo dizendo que o sistema virou inferno.

Mas não caiu do céu, não. Foi construído por gente que quis se mostrar. E agora, mesmo com o cerco apertado, continuam correndo. Com medo de perder lugar pro próximo que corre ainda mais. No fim das contas… é brasileiro destruindo brasileiro. Por puro ego.

Por isso eu digo: tem gente que planta o veneno… e depois reclama da colheita.

Falta cabeça. Falta freio. E sobra vaidade.

Não é questão de trabalhar pouco. É saber o momento certo de fazer o que é pedido, do jeito certo. Porque quem força demais hoje, afunda o barco de todo mundo amanhã. E depois, quando o sistema aperta, a empresa corta, o aplicativo desanda… vai dizer que é injustiça.

Mas o estrago… já foi feito. E o autor? É sempre o mesmo: o que quis se mostrar demais.

Comentários

  1. O problema não é o trabalhador, o problema sempre o sistema, são sistemas pensados dessa forma, onde gera competição para ver quem produz mais, e isso é colocado para gente desde pequeno, não somos ensinados a coletivizar nada, apenas a individualizar erros e acertos...

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